As duas faces de John Terry

Antes, capitão, líder e exemplo para o time. Agora, traidor e envolvido em escândalos. Afinal, qual é a de John Terry? Antes incontestável, agora visto como um jogador que tem seus “dois lados”.

Revelado nas categoriais de base do Chelsea, está no clube desde 2000, antes mesmo da “Era Abramovic”. No início da temporada 2003/2004, se destacou e foi chamado para defender a seleção inglesa. Em 2004/2005, herdou de vez a faixa de capitão, e daí para frente começa a ser cada vez mais respeitado. Importantíssimo nas conquistas da Premier League de 2004/2005 e de 2005/2006, da Copa da Liga Inglesa em 2004/2005 e a final da Champions League em 2007/2008. Aliás, neste final de Liga, contra o Manchester United, perdeu um pênalti da disputa de penalidades que poderia ter levado o Chelsea a seu primeiro título europeu. Mas nada que abalasse sua reputação de capitão e exemplo de dedicação para o resto do grupo.

Mas a partir do ano passado, as coisas começaram a mudar. Não o seu desempenho dentro de campo, onde ainda continua sendo capitão do Chelsea e da Inglaterra. Mas por fatores extra-campo, envolvendo a sua família e a si próprio. Primeiro, seu pai foi flagrado vendendo cocaína em um bar a um repórter de um tablóide inglês disfarçado. Ele falava que não queria sua identidade publicada e dizia que a qualidade do pó era boa. O pai de Terry também aparentava certa familiaridade com o mundo das drogas. Um vídeo feito pelo repórter prova estas falas. Sim, isto pode não ter nada a ver com o zagueiro, mas é seu pai, correndo risco de ser preso para vender drogas por 40 libras, enquanto seu filho ganha 630.00 euros mensais. O primeiro fato, mais leve, pois Terry não está diretamente envolvido com o caso. Antes deste acontecimento, ainda, a mãe e a sogra de Terry foram pegas furtando.

O segundo acontecimento, descoberto em dezembro do ano passado, mas aí sim, envolvendo diretamente o jogador, era mais um vídeo que mostrava Terry, que através de um amigo agendava vistas ao Centro de Treinamentos e a concentração do Chelsea, por 10.000 libras. Até aí, nada de anormal, mas o capitão programava as visitas por conta própria, longe dos holofotes, e o dinheiro, que era para ir para diretoria dos Blues, que nem sabia das tais visitas, ninguém sabe aonde parava. Ou ficava com o amigo de Terry ou com o próprio zagueiro. Os escândalos se tornaram mais freqüentes...


Mas o caso mais sério estourou semana passada. Terry traiu sua esposa com a mulher de um ex-companheiro de Chelsea e colega da seleção inglesa, o lateral-esquerdo Wayne Bridge, hoje no Manchester City. Ainda com a grande repercussão dos sempre exagerados tablóides ingleses e no mundo todo. O mais impressionante é que os dos eram amigos. Terry conseguiu, numa cartada só, trair sua esposa, que irá pedir o divórcio, seu companheiro e amigo e sua reputação. Pode ter certeza, nem todos iram olhar para o zagueiro como uma pessoa confiável, um exemplo a ser seguido de dedicação. Não estou aqui para julgá-lo, mas dada à proporção que isto tomou, vale sim falar sobre isto. Mas este escândalo pode acarretar danos ineparáveis a John Terry, tanto dentro como fora das quatro linhas. Poderá até perder seu posto de capitão da seleção inglesa. Pricipalmente, Terry perdeu o respeito que tanto lutou para conquistar. E isto é muito sério. Ele irá conseguir recuperar seu respaldo e a grande admiração que os torcedores do Chelsea e da Inglaterra tinham por ele? Resta saber agora quem John Terry é de verdade. Se é o jogador que é respeitado, luta e é exemplo para os demais, e capitão de seu time e da seleção do seu país, ou um homem que se envolve em diversos escândalos e é capaz de trair sua esposa e seu colega. Tomara que ponha a cabeça no lugar, e que daqui para frente seja lembrado apenas pelo que faz dentro de campo, como um zagueiraço que faz gols e luta pelo time e pela seleção. Juízo, John Terry.