E o que vimos dentro de campo no dia de ontem não foi muito diferente do que nos acostumamos a ver na última temporada. Vitória, sim, mas sem brilho, entrosamento e bom futebol dos nossos jogadores. Contra a Bósnia, uma seleção considerada de nível mediano, a nossa seleção mais uma vez penou para sair com o triunfo e encontrou muitas dificuldades, tanto dentro como fora de campo, seja pelos atletas ou pela interpretação do treinador Mano Menezes, que ainda busca impor sua filosofia dentro da equipe, mas que, por enquanto, está obtendo resultados pouco satisfatórios, para um projeto a longo prazo, que visa as Olimpíadas e a Copa do Mundo de 2014.
Já em sua convocação, Mano arrancou algumas críticas, por conta de alguns jogadores que foram chamados. Foi o caso de Ronaldinho Gaúcho, por exemplo, que ao meu ver, pelo futebol que está apresentando, atualmente não merece nem a reserva da nossa seleção. A presença do R10 em campo só aumenta as especulações que existe alguma jogada fora de campo que está de uma certa forma "colocando" ele para vestir a amarelinha. No jogo de ontem, mais uma vez ele foi muito discreto e apático, não fazendo jus ao seu nome, seu história e o número da camisa que carregava.
Mano utilizou na partida na Suíça uma formação buscando o ataque. Ele entrou com um 4-2-3-1, com Sandro e Fernandinho nas cabeças-de-área, Hernanes e Neymar pelos lados, Ronaldinho pelo meio e Leandro Damião na frente. Assim, a seleção até começou empolgando e mostrando que 2012 poderia começar diferente para o torcedor brasileiro. Marcelo marcou depois de uma boa jogada do ataque canarinho. Porém, o time voltou a apresentar algumas falhas defensivas, como já foram vistas em partidas anteriores, levou o empate e não se encontrou. Na segunda etapa, com algumas mudanças, o time melhorou, criou e chegou perto do gol, que só veio mesmo aos 45 minutos, e com um gol contra.
Em relação a equipe, alguns pontos devem ser levantados. Começando pela defesa. Apesar da falha no gol bósnio, Júlio César segue intocável debaixo as traves, e acho que Mano está certo com relação a isso. A linha de quatro da equipe não deve mudar, com Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo. É o que temos de melhor hoje, e opções também existem. O zagueiro do Chelsea se atrapalhou em muitos lances ontem, estava inseguro, mas tem muita qualidade. Se for para mudar, temos Dedé e até Lúcio pode retornar, até visando a Copa do Mundo. Thiago Silva, com a faixa de capitão, foi muito regular como sempre, e está no caminho certo para cravar sua vaga de vez na nossa seleção.
Passando para o setor de meio-de-campo, na minha visão, acho que necessitamos de pelo menos um volante de mais experiência na equipe. É claro que Mano tem na cabeça a visão para as Olimpíadas. Até pode ser que, para o Mundial, nomes como Sandro, Fernandinho, Lucas Leiva e Elias já estejam com alguma bagagem a mais, pois todos já estão atuando na Europa. Porém, para este momento, veria com bons olhos a escalação de uma dupla de volantes com Hernanes atuando como segundo cabeça-de-área, vindo de trás e sendo um "elemento surpresa". Ontem, ele atuou mais avançado, pelos lados do campo, que não é bem sua característica. Mano poderia testar uma formação como esta, deixando Sandro ou Lucas atuando na frente da zaga.
No setor de criação, está mais do que provado que Ronaldinho Gaúcho não tem condições de vestir a 10 e ser o homem de criação. A bola da vez está com Paulo Henrique Ganso, que vem recuperando o bom futebol no Santos neste começo de temporada. Junto com ele, temos opções como Lucas, que imprimem mais velocidade. Na frente, Neymar e Leandro Damião estão se consolidando, mas os concorrentes estão aí. Hulk é um deles, está mostrando o futebol que está apresentando no Porto também na seleção. Alexandre Pato, se voltar a jogar em bom nível, também pode brigar, além de Jonas. Robinho parece que amadureceu de vez na Europa nesta temporada e está fazendo por merecer uma convocação.
Como podemos perceber, opções existem, e muitas, tanto visando as Olimpíadas como o Mundial no Brasil em 2014. Mano Menezes tem as peças a disposição, no futebol brasileiro e também na Europa. Com jogadores jovens e promissores, a equipe talvez necessite de mais experiência, que só vai ser adquirida se a seleção conseguir formar uma "cara" e ganhar o entrosamento e o padrão de jogo necessários para deslanchar de vez nesta nova fase. O caminho é árduo e complicado, depender somente de amistosos e pouquíssimas competições para formar uma equipe é bastante difícil. O percurso é longo, com muitas pedras e conflitos. Porém, Mano aceitou o desafio e tem este papel de formador. As peças estão aí. Agora falta encaixá-las para a seleção ficar pronta.